sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SER PROFESSOR NO CONTEXTO ATUAL

PROFESSORES APAIXONADOS
Gabriel Perissé
Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo. Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato. Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria. Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro. Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração. Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
[Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br]

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

ALGUMAS IMPLICAÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
QUANTO À EDUCAÇÃO.

Partindo do pressuposto de que a educação não é neutra, a filosofia induz o educador a realizar importantes e imprescindíveis reflexões sobre a educação, sobre o seu fazer pedagógico, sobre quais as suas intenções como educador, sobre o que vai ensinar; porque vai ensinar; para que vai ensinar; para quem vai ensinar; etc.
À medida que o professor se tornar questionador da sua prática pedagógica individual, da prática pedagógica coletiva, dos projetos políticos pedagógicos das escolas, essas reflexões irão interferir positivamente na sua atividade profissional, impulsionando-o a ir em busca de novos conhecimentos, novas formações, e novas ações. Neste sentido, Kuaiva considera que a filosofia da educação tem ainda como tarefa fornecer subsídios teóricos para que a educação não seja estéril, carente de conteúdo reflexivo, possibilitando ao educador repensar sua prática de modo critico e responsável.
O modelo de sociedade capitalista em que estamos inseridos, cada vez exige mais da escola e dos profissionais da educação, tendo em vista que a família não dispõe de tempo para a formação humana e social de seus filhos; a escola passou a ser responsável pela formação, quase que integral de seus alunos, de hábitos e atitudes, de higiene pessoal, de alimentação, de valores, etc. De acordo com Carbonara, a educação formal ocupa espaço cada vez mais significante na sociedade. E nessa perspectiva o profissional da educação deve estar preparado para assumir todos esses papéis...
Haverá formação que dê conta de tudo isso?
Segundo Carbonara, tanto a pedagogia, como a educação, dependem da filosofia no sentido de que é ela que vai explicitar as suas bases, os seus fundamentos, assim como, orientar e indicar os novos caminhos à serem trilhados.
Neste sentido, também é importante destacar que não existe homem já educado, pronto, todos estão constantemente se educando e todos são passíveis de serem educadores. Estando a sociedade em constante processo de transformação, a educação é um continuo processo de desenvolvimento social, onde o diálogo nos é apresentado como importante instrumento de comunicação pedagógica, capaz de promover a compreensão entre os diferentes e a compreensão do mundo que queremos para nossa sociedade, mais ética, mais humana, mais solidária, mais responsável e mais feliz.